Bastidores: como funcionam as tecnologias que estão por trás da estratégia de grandes varejistas
- 23 de janeiro de 2023
Algumas comodidades, como a entrega super expressa ou o clique e retire, já são facilidades corriqueiras no dia a dia das pessoas. Pode até ser uma ação simples, mas ao clicar em “confirmar compra” no app, uma diversidade de tecnologias é acionada nos bastidores do varejo para atender clientes cada vez mais exigentes e sedentos por agilidade. Uma delas é o sistema de gerenciamento de armazém (WMS).
Quando não se tem noção da complexidade de um armazém, é comum que se imagine os processos de compra e entrega de um produto iguais aos de uma loja, em que o atendente pega o item na prateleira e o entrega para o cliente. A realidade da operação de grandes varejistas, no entanto, é bem diferente. Armazéns gigantes, que muitas vezes chegam a 100 mil m², com centenas de pessoas trabalhando e recebendo 50, 100 mil pedidos por dia, exigem um nível de administração e acuracidade muito elevado. O sistema de gerenciamento de armazém serve para controlar toda e qualquer movimentação envolvida, desde a visibilidade do que está para entrar até tudo o que sai.
Segundo Marco Beczkowski, Diretor de Vendas e Customer Success da Manhattan Brasil, líder mundial em soluções para a cadeia de suprimentos, o software gerencia de ponta a ponta todos os produtos, pessoas, máquinas e movimentações. “De forma resumida, o WMS tem que ter visibilidade do que vai entrar, acompanhar todo o recebimento e conferência, toda parte de controle de qualidade, armazenagem, ressuprimento dos endereços de expedição, a separação em si, a embalagem e por fim a expedição”.
Otimizar essa operação, com eficiência e uma boa velocidade, ao mesmo tempo em que mantém os custos baixos, é o objetivo de qualquer varejista. “É um balanceamento entre pessoas, trabalho, espaço, produtividade e demanda do cliente”, explica Marco. Para oferecer a entrega super expressa em São Paulo, por exemplo, a C&A investiu no WMS Manhattan Active® Warehouse Management, construído na nuvem e inteiramente em microsserviços, o que trouxe um novo nível de velocidade, adaptabilidade e facilidade de uso da cadeia de suprimentos. “O varejista precisa considerar o que foi prometido para o cliente: se eu vou ter que entregar em duas horas, preciso de uma tecnologia que me permita separar o produto em 20 minutos, por exemplo. O resto é em transporte até a casa do cliente”, exemplifica Marco.
Monitoramento: inovação evita ruptura de estoque e gera dados para o setor
Já no varejo físico, uma das dores da indústria é evitar prejuízos com a ruptura de estoque no ponto de vendas (PDV). Esse problema acontece quando o cliente deseja o produto, mas ele não está disponível na prateleira. Essas situações geram prejuízo, pois a venda não acontece. A inteligência artificial pode evitar essas situações e ajuda a indústria a tomar decisões para melhorar a experiência do consumidor na hora da compra.
Um exemplo de como funciona a tecnologia é o da Quatá Alimentos, indústria alimentícia que conta com sete fábricas em quatro estados brasileiros. Desde 2018, a empresa usa o Involves Stage, solução de gestão e inteligência para indústria e varejo desenvolvida pela Involves, para reduzir as perdas e aumentar o faturamento. Logo no primeiro mês, a ruptura caiu de 34% para 24% e, no terceiro mês, já havia diminuído para 20%, representando uma queda de 14% em apenas 90 dias.
"O impacto de uma solução que usa reconhecimento por imagem e inteligência artificial gera dados altamente confiáveis. Isso permite rever estratégias e resolver os desafios da ruptura de estoque. O planejamento de reposição de produtos e a produtividade da equipe que atua nessa área são otimizados, assim, é possível focar nos problemas, agilizar a reposição e melhorar resultados", explica André Krummenauer, CEO da Involves, empresa especializada em desenvolver tecnologia para melhorar a estratégia da indústria e do varejo em lojas, supermercados, farmácias entre outros.
utochecklist: tecnologia garante a padronização nas grandes redes de franquias
No Brasil, mais de 3 mil marcas varejistas operam no modelo de franquias, segundo dados da ABF (Associação Brasileira de Franchising) - o que faz do franchising brasileiro o maior do mundo. E, quando se trata de marcas que operam em rede, uma das principais preocupações é a padronização: o cliente precisa encontrar o mesmo padrão de serviço e de produtos ao visitar qualquer unidade da empresa. É por isso que franqueadoras seguem rigorosos procedimentos de auditoria e monitoramento. Quanto maior a rede, porém, mais difícil pode ser manter esse acompanhamento constante e frequente. É aí que entra a tecnologia.
"No auge da pandemia, mesmo com as restrições a deslocamentos presenciais, as unidades precisavam continuar sendo vistoriadas, controladas, padronizadas; e muitas redes estavam com esses processos totalmente parados", conta Guilherme Reitz, CEO e cofundador da Yungas, empresa especializada na comunicação e gestão de grandes redes de lojas e franquias. "Então criamos uma maneira de fazer isso sem visitas presenciais: implantamos o processo de autochecklist de forma digital, por meio da nossa plataforma; e diversas redes tornaram esse preenchimento obrigatório por parte do franqueado. Isso garante que a qualidade, padrão e experiência do cliente com a marca será igual em qualquer loja que ele visitar.”
Por meio da plataforma da Yungas, a rede disponibiliza uma lista de itens a serem verificados em cada unidade e determina uma periodicidade para as respostas. Os franqueados ou filiados preenchem as listas de acordo com a realidade de suas unidades, informando todos os pontos de atenção para manutenção da padronização e qualidade, e enviando fotos e documentos para comprovação dos dados. Se o franqueado preenche o formulário em desconformidade com os padrões da rede, o franqueador pode criar planos de ação para melhorias.